quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Hotel rede Hyatt na Praia da Reserva.


Eduardo Paes defende remoção da Vila Autódromo e construção do resort Hyatt em área de proteção ambiental

Eduardo Paes praia da reservaFonte: Jornal do Brasil
Acompanhado de jornalistas estrangeiros, que vieram ao Rio conhecer as obras que estão sendo realizadas para os Jogos Olímpicos de 2016, o prefeito Eduardo Paes visitou as dependências do antigo Autódromo de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio – desativado para dar lugar ao Parque dos Atletas, que terá 1,18 milhão de metros quadrados e custará R$ 1,375 bilhão.
Junto com a presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM), Maria Sílvia Marques, o prefeito foi bombardeado com questionamentos sobre as remoções de favelas cariocas para as obras dos Jogos – em especial a Vila Autódromo, que é vizinha ao Parque – , além de perguntas sobre o desmonte do atual Velódromo e a construção de um resort em Área de Proteção Ambiental (APA) na Praia da Reserva, no Recreio dos Bandeirantes (Zona Oeste).
De acordo com o cronograma apresentado pela presidente da Empresa Olímpica Municipal (criada pela Prefeitura para a gestão dos Jogos Olímpicos), Maria Silvia Marques, a remoção será feita até o quarto trimestre de 2013.
De acordo com Maria Silvia e Eduardo Paes, a Parceria Público Privada (PPP) firmada com o consórcio Rio Mais (formado pelas construtoras Odebrecht Infraestrutura, Carvalho Hosken e Andrade Gutierrez) para a construção do Parque dos Atletas prevê a construção do Parque Carioca, um condomínio onde serão reassentados os moradores da Vila Autódromo.
Segundo Paes, o empreendimento fica a 500 metros da atual área da comunidade.O espaço onde hoje está a Vila Autódromo será ocupado pelo Centro de Mídia (MPC), estacionamentos e estruturas provisórias da organização dos Jogos.
“Quando fizemos o concurso para o Plano Master do Parque Olímpico, não constava a remoção da Vila Autódromo porque eu queria ter, antes, uma opção para essas pessoas. Agora a prefeitura tem o terreno e tem o projeto do Parque Carioca, para onde elas serão levadas assim que os apartamentos estiverem prontos. Tudo isso a 500 metros da Vila Autódromo”, disse Paes. “Dono de oficina que consertava carros no Autódromo, por exemplo, vão ficar de fora. Os apartamentos do Parque Carioca são para a população realmente carente, com escolas”.
“Se pode construir em APAs”
Paes defendeu o projeto de construção do resort Hyatt, na Praia da Reserva, no Recreio dos Bandeirantes, que está sendo erguido em antiga área de proteção ambiental e contará com quatro prédios de seis pavimentos com um total de 436 apartamentos e mais dois condomínios residenciais de luxo:
“As pessoas tem a mania de dizer que não se pode construir em Áreas de Proteção Ambiental (APA). Isso não é verdade. Vamos mudar a lei para criarmos ali um parque e proteger o lugar de verdade. Além disso, o Rio ganha muito com esta obra do resort”, disse ele, lembrando a necessidade de se aumentar em pelo menos 50% a capacidade hoteleira da cidade até os Jogos Olímpicos de 2016.
Velódromo
Paes também foi questionado sobre as declarações do presidente da Federação de Ciclismo, que pretende ingressar com ação judicial para ter um lugar para treinar, já que o velódromo construído para o Pan-Americano de 2007 será demolido. Os equipamentos do velódromo serão transferidos provisoriamente para Goiânia.
De acordo com a Prefeitura, o novo velódromo faz parte dos quatro equipamentos esportivos que serão construídos para ficarem definitivamente no Parque Olímpico. Os outros são o novo Centro de Tênis, um novo Parque Aquático e uma quadra de handebol, que será desmembrada e reconstruída depois como quatro novas escolas municipais.
“Vou afirmar que o novo velódromo que será construído no Parque Olímpico será definitivo e de alta qualidade. É inaceitável que um presidente de Federação faça demagogia. Ele está preocupado é com o desconforto de treinar em Goiânia. Se eu fosse ciclista, também preferia treinar no Rio”, disse o prefeito, frisando que caso o velódromo fosse mantido teria que passar por obras, o que impediria sua utilização de qualquer forma.
Espigões em 75% do Parque dos Atletas
O que não apareceu na explanação de Paes, Maria Silvia e a equipe do Comitê Rio 2016 que participou do evento foi o fato de que 75% da área de 1,18 milhão de metros quadrados serem transformados em prédios de até 18 andares – os conhecidos ‘espigões’.
Questionado pelo Jornal do Brasil sobre estudos do impacto da construção dos arranha-céus naquela área e sobre a deficiência do saneamento básico na região da Barra da Tijuca, o prefeito Eduardo Paes crê que isto não será problema:
Vai ter saneamento básico, vamos ter tudo“, limitou-se.
Como já era de se esperar, Maria Sílvia, da Empresa Olímpica, seguiu no mesmo sentido:
“O gabarito do bairro que vai ser formado na área do Parque dos Atletas depois dos Jogos é o mesmo do restante da região: 18 andares. Depois da Olimpíada, a área vai virar um grande bairro e será administrado pelo consórcio durante 15 anos. O saneamento básico não será problema”, afirmou.

Construção de hotel rede Hyatt na Praia da Reserva no Recreio revolta cariocas

vista Praia da Reserva no RecreioFonte: Jornal do Brasil
A construção de um hotel em terreno que já pertenceu a Área de Proteção Ambiental da Reserva de Marapendi, na Barra da Tijuca, deixou cariocas indignados. Antes verde, o terreno de 45 mil m² dará lugar a um hotel da rede norte-americana Hyatt, com 436 apartamentos, além de dois prédios residenciais.
Na quinta-feira(15), fotos de árvores sendo derrubadas no terreno começaram a circular pelas redes sociais e provocaram a ira de muitos cariocas. “Desgraçados, malditos destruindo nossa cidade…Daqui uns dias toda a cidade não terá mais uma árvore, será tudo Favela. Favela de barracos e condomínios de luxo, porque tanto os barracos quanto os condomínios de luxo só têm produzido lixo e poluição, mais nada”, criticou Carla Schreyer pelo facebook.
Eduardo Paes praia da reservaCentenas de pessoas aproveitaram para descontar aindignação contra o prefeito Eduardo Paes que no passado chegou a posar para fotos segurando uma placa com “Preserve a Reserva”. “E não para por aí. Impostos mais caros, esgoto brotando pelas ruas, assaltos a luz do dia, urbanização de fachada, prédios para gringos e preços absurdos. Realmente Parabéns a quem reelegeu Eduardo Paes”, descarregou o carioca Thiago Ribeiro.
Oficialmente, conforme consta na placa da obra, o proprietário é a Loteum Incorporações S.A, Rio JV Partners Participações Ltda. A obra está sendo executada pela Método Engenharia S.A. e tem como engenheiro responsável Eros Maroni. Ali será erguido um prédio com três subsolos e seis andares, totalizando 99 mil metros quadrados de construção.
Nesta quinta-feira as escavadeiras terminavam de ‘limpar’ o terreno. Um engenheiro, que pediu para não ser identificado, responsável por gerenciar a obra explicou que constantemente pessoas passam pelo local xingando os operários. Contou ainda que chegaram a arremessar pedras contra os trabalhadores: “É natural que as pessoas não simpatizem com a obra. Entendo até os xingamento. Mas a insatisfação não justifica tacar pedras em quem está trabalhando”, disse.
O engenheiro contou que moradores dos prédios vizinhos chamaram a polícia por conta da derrubada de árvores. Ele, no entanto, esclarece que nada foi feito pois o empreendimento respeita todas as licenças e limites ambientais.
Segundo o engenheiro, o terreno foi dividido em três zonas: Zona de Ocupação Controlada(ZOC), Zona de Conservação da Vida Silvestre (ZCVS) e Zona de Proteção da Vida Silvestre (ZPVS). As edificações serão limitadas a ZOC, na ZCVS serão feitas pequenas intervenções além da recuperação da vegetação nativa, e na Zona de Proteção nada será feito. “Constatamos algumas amendoeiras e outras espécies que não são nativas daqui. Tudo isso será recuperado”, disse. A equipe responsável pelas avaliações de impacto ambiental é gerenciada pelo biólogo Mário Moscatelli.
Protesto neste sábado
Moradores e defensores do meio ambiente organizaram um protesto para este sábado (17) em repúdio ao empreendimento. A manifestação está marcada para às 9h em frente ao terreno do futuro hotel que fica na Avenida Marapendi.
*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil.